terça-feira, 29 de novembro de 2011

Santa Cruz e a paixão pernambucana

De alguns meses para cá, chamaram atenção as inúmeras matérias a respeito do fanatismo da torcida doSanta Cruz, do Recife. Clube que já foi o de maior destaque em Pernambuco, hoje o Santa vem impondo a seus torcedores verdadeiras provações. A última delas, o vice-campeonato da série D do Campeonato Brasileiro . O grande destaque da campanha foi justamente o comparecimento em massa de sua torcida.
Se somarmos as quatro divisões do futebol brasileiro, temos o Santa Cruz como líder absoluto em média de público (cortesia do Blog de Rodolfo Brito), com excelente média de 36.916 torcedores. A pergunta que não quer calar: o torcedor do Santa seria realmente mais apaixonado que os demais?
A resposta deve vir com providenciais doses de parcimônia. É imprescindível que levemos em conta as circunstâncias que envolvem tamanho comparecimento ao Mundão do Arruda. A quarta divisão nacional foi um torneio de tiro curto, fazendo com que os números tricolores fossem construídos com base em apenas oito jogos como mandante – na série A são 19. Quando se joga uma competição mais longa, pouquíssimas torcidas conseguem manter um alto nível de comparecimento durante toda a trajetória. Um bom exemplo é o próprio Santa Cruz: integrante da série A em 2006, sua média de público girou em torno das 11 mil pessoas. Certamente decepcionadas por conta do primeiro entre muitos descensos que o clube viria a enfrentar.
Mas e se pudéssemos mensurar a paixão do torcedor por seu time do coração? Embora abstrato demais para os métodos atuais, este desafio pode ser encarado de outra forma: qual seria a percepção dos torcedores com relação à própria paixão, bem como ao fanatismo de seus rivais? Eis uma questão que a Faculdade Frassinetti do Recife (FAFIRE) se dispôs e encarar.
Durante nove dias (entre 08 e 17 de agosto de 2011), pesquisadores entrevistaram 693 residentes da Região Metropolitana do Recife (Recife, Jaboatão dos Guararapes, Camaragibe, Olinda, Paulista, Abreu e Lima, Igarassu, Cabo de Santo Agostinho, Ipojuca). Torcedores de NáuticoSport e Santa Cruz se depararam, primeiramente, com a seguinte indagação: qual o nível de paixão que você nutre por seu time? Resultados agregados e por clube:
Nesta auto-avaliação, o torcedor do Santa Cruz se considerou muito mais fanático do que seus rivais. O tricolor atingiu percentual de “elevada paixão” em 50,54% dos casos, contra 34,26% do Sport e apenas 21,25% do Náutico. Em complemento, menos tricolores se consideraram “pouco apaixonados” pelo clube.
Na rodada segunte, os entrevistados eram perguntados sobre sua percepção quanto ao fanatismo alheio. E aí surgiu o lado mais interessante da pesquisa:
Todas as torcidas de Pernambuco, em menor ou maior grau, apontaram os tricolores como os mais fanáticos do estado. Entre os próprios, nada menos que 90,61% se auto-conclamaram “a torcida mais apaixonada”. Curiosamente, nenhum torcedor do Santa considerou o fanatismo da torcida do Náutico. Entre os rubro-negros, enorme equilíbrio: 49,17% acham os tricolores mais fanáticos, enquanto 48,75 consideram o próprio Sport mais amado. Por fim, entre os adeptos do Timbu, uma verdadeira lavada a favor do Santa Cruz: 65,82%. Apenas 18,99% da torcida do Náutico se considera a mais apaixonada do estado.
Com isto em mãos, retornamos à pergunta original: o torcedor do Santa seria realmente mais apaixonado que os demais? Pelo visto sim, ao menos dentro de Pernambuco. E quem diz não são apenas os próprios, mas também seus principais rivais. Resta saber se aqueles que o comandam saberão traduzir tamanha devoção em cifras que contribuam com o resgate do simpático time da cobra coral.
Um grande abraço e saudações!

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